sábado, 1 de dezembro de 2012

ENSAIOS PESSOAIS: De que adianta?

“Que diferença isso fará para a Terra? E que diferença isso fará para o Universo?” Estas duas perguntas vieram a mim como respostas, ironicamente, através da fala de um amigo, que escutava minhas queixas pacientemente. O contexto? Um sonho ‘tolo’ sobre fazer diferença e operar uma mudança, buscar a evolução.

Estamos em sete bilhões de humanos, aproximadamente... um número enorme. A Terra tem 4.5 bilhões de anos (voltas em torno do Sol), e nossa existência como Homo sapiens data de 35 mil anos. Essa espécie perambula sobre a crosta terrestre há apenas 0,0000077% de toda a existência do planeta. Em meados de 1.600 A.C os primeiros carros com rodas (carroças) andavam a uma velocidade de 30 km/h. Em 1850 as primeiras locomotivas ainda arrastavam-se a aproximadamente 50 km/h. Nos últimos 150 anos as coisas tomaram proporções inimagináveis. Hoje os satélites viajam a 30 mil km/h em órbita da Terra. Ao transportar estes dados para um gráfico, vemos uma apática linha horizontal que torna-se abrupta e vertiginosamente uma linha quase vertical!


De repente tudo tornou-se hiper. Criamos milhares de artefatos tecnológicos, remédios, parques de diversão, automóveis caros e luxuosos e relógios pomposos que medem o tempo como quaisquer outros. Empreendemos uma jornada material e constantemente vemos as pessoas (seres da nossa mesma espécie) preocupados com a conquista exclusiva do mundo físico, como se fosse esta a última finalidade da vida: possuir. Na década de noventa os gastos militares mundiais somavam um trilhão de dólares ao ano. Uma considerável quantia. Para “proteger” quem? De quê? Não ouso afirmar que existe um limite para a capacidade criativa (ou destrutiva) dos homens, mas acredito que estamos cada vez mais próximos de descobrir.  Na verdade, chego mesmo à conclusão de que criamos distrações demais para nos desviar do verdadeiro significado da vida.


UMA  GRANDE  SURUBA  

“Todo mundo tem dois pais, quatro avós, oito bisavós, dezesseis trisavós etc. A cada geração que retrocedemos, temos duas vezes mais antepassados em linha direta. Se cada geração tem, vamos dizer, 25 anos, 64 gerações atrás equivalem a 64 X 25 = 1600 anos atrás, isto é, pouco antes da queda do Império Romano. Assim, cada um de nós que está vivo hoje tinha, no ano 400, uns 18,5 quintilões de ancestrais - ou é o que parece. E isso sem falar nos parentes colaterais. Mas é muito mais que a população da Terra, então ou agora; é muito mais que o número de seres humanos que já viveram. Alguma coisa está errada com o nosso cálculo. O quê? Bem, supusemos que todos esses ancestrais em linha direta fossem pessoas diferentes. Mas, claro, não é o caso. O mesmo ancestral está relacionado conosco por muitas linhas diferentes. Somos repetida e multiplamente ligados a cada um de nossos parentes - um imenso número de vezes, no caso dos parentes mais distantes.  Se retrocedermos bastante, quaisquer duas pessoas sobre a Terra têm um ancestral em comum.” (Carl Sagan)


*As informações utilizadas como base de dados para este texto foram retiradas de três livros geniais escritos por brilhantes cientistas:

- A Teia da Vida, de Fritjof Capra (1996)
- O Choque do Futuro, de Alvin Toffler (1971)
- Bilhões e Bilhões, de Carl Sagan (1997)