segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

FILOSOFIA: Lewis Mumford (EUA / 1885 - 1990)

"Todas as perguntas feitas pelo homem acerca de sua vida são multiplicadas pelo fenômeno da morte;  pois o homem parece distinguir-se de todos os outros animais pela consciência que tem de sua própria morte e pela relutância em participar do destino natural de todos os seres vivos. Com a maçã, que deu ao homem o conhecimento do bem e do mal, a árvore da ciência produziu também um fruto mais amargo, que o homem colheu de seus ramos: a consciência da brevidade da vida individual e da morte como seu fim. Em sua luta contra a morte, não raro o homem tem atingido a um máximo de afirmação da vida: como a criança que na praia se obstina a todo custo, em levantar as paredes de seu castelo de areia antes que venha arrasá-lo a próxima onda, assim o homem, freqüentemente, faz da morte o centro de seus mais preciosos esforços, tirando da rocha os seus templos, construindo, acumulando pirâmides sobre o deserto, transformando os arremedos de força humana em visões de onipotência divina, eternizando no mármore a beleza humana, traduzindo a humana experiência na palavra impressa, e até mesmo o tempo num simulacro de eternidade, quando a arte lhe detém o curso.

Todos os seres vivos são atingidos pela morte. Desses seres é, entretanto, o homem o único que conseguiu criar, da ameaça constante da morte, uma vontade de perdurar e, do desejo de continuidade e de imortalidade em todas as suas múltiplas e concebíveis formas, uma espécie de vida mais rica de sentido, na qual o Homem redime a precariedade do indivíduo."

(Lewis Mumford)

domingo, 30 de janeiro de 2011

MÚSICA: Fat Freddy's Drop (Nova Zelândia - 2009)

Fazer amor com o Universo, com o mundo, com o vento que sopra em meu rosto, com toda a extensão da existência. Quando dedico todos os sentidos para apreciar a música "Breakthrough" da banda Fat Freddy's Drop, esta é a definição que mais se aproxima. O toque dos instrumentos, a forma como ela se desenrola e como combina com a deliciosa letra. É doce, sublime, é digna de uma genialidade ímpar. "Breakthough" é um mantra contemporâneo, capaz de fazer-me esquecer medos, problemas, fraquezas e sentir com a extensão da pele a citação do trecho de "Devaneios de um passeante solitário" de Rousseau. É um dos melhores sentimentos que posso usufruir em meu ser.

Breakthrough, música do Fat Freddy's Drop, no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=-gqgKJwvBi4

Breakthrough
I'm looking out from my station
Feeling a love that lives in creation
I see the sun from my window
Waking up hopeful I wanna let go
I'd give it up for the sweet sound
Moving around my soul I wanna get down
I need someone here to talk to
You and I could be the next ones to break

Breakthrough (x7)
Whatever we do

I wanna wake up with the sun
Come wake up with the sun yeah

I want wake up with the sun on my face
Another night has come and gone
I want to never want for anything today
Except someone here to talk to
You and I could be the next ones to break-

Breakthrough (x7)
Whatever we do
I want to wake up with the sun

I wanna wake up with the sun
Wake up with the sun
Wake up with the sun... 




sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

FILOSOFIA: Henry David Thoreau (EUA / 1817 - 1862)

"Alguns homens podem ser apenas meus conhecidos, porém aquele que me acostumei a considerar, a idealizar, a imaginar como amigo, ligando-o intimamente a mim mesmo, não poderá nunca degenerar num simples conhecimento. Ou o manterei num plano elevado, ou o ignorarei de todo. Não nos confessamos nem nos explicamos porque ambicionamos estar tão intimamente ligados a ponto de nos compreendermos sem precisar falar. Nosso amigo precisa ser compreensivo. Sua atmosfera deve ser coextensiva ao universo, para nela podermos nos expandir e respirar. Pois o mais das vezes nos sufocamos e nos asfixiamos mutuamente. Quando visito meu amigo, experimento a sua atmosfera. Se as nossas atmosferas não se harmonizam, se nos repelimos fortemente, é inútil ficar.

Quão mesquinhas são as nossas relações mútuas. Esperemos até que elas sejam mais nobres. Um pouco de silêncio e de descanso fazem bem. Seria bastante cultivar as verdadeiras.

As mais ricas dádivas que podemos conceder são as menos negociáveis. Detestamos a bondade que compreendemos. Uma pessoa nobre não se confia inteiramente. Talvez para a amizade seja apenas essencial que um deposite no outro uma certa confiança vital. Sinto-me tocado e posto à prova, até às mais remotas partes do meu ser, quando alguém demonstra nobreza e fé implícita em mim, mesmo em coisas triviais. Quando tais mercadorias divinas estão tão próximas e são tão baratas, como é estranho que precisemos descobri-las diariamente. Uma ameaça ou uma praga podem ser esquecidas, porém uma confiança humilde me transporta. Não sou mais desta terra; ela age dinamicamente e transforma minha própria existência. Não posso fazer o que faria antes. Não posso ser o que era antes. Outras correntes podem partir-se, porém, no mais escuro da noite, no mais remoto lugar, eu sigo este fio. Então as coisas podem 'acontecer'. O que aconteceria se, por um momento, Deus confiasse em nós? Não seríamos deuses, então?"

 (Thoreau) 

MÚSICA: The Temper Trap (Austrália - 2009)

A música é algo que fascina minha alma. As melhores para mim ainda não são composições clássicas de grande complexidade e harmonia instrumental. Mas aquelas sutis e suaves, ou mesmo aceleradas e cheias de energia. As que realmente me emocionam são as que combinam letras maravilhosamente escritas, com ensinamentos e pensamentos energizantes e tocadas num ritmo que conduz naturalmente para que a idéia seja interiorizada.

Já tive pontos de vista alterados e muitos ensinamentos fazem agora parte do que sou através das criações de músicos contemporâneos. A clareza das letras e instrumental do The Temper Trap, banda recém formada na Austrália, leva-me a lugares oníricos, perfeitos. Subjetividade e objetividade se mesclam em divina harmonia para forjar poesia sonora.

Fools, música do The Temper Trap, no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=GnppN2FLzSQ


THE TEMPER TRAP - FOOLS

Fools
They don't know
What they're on about
Those fools
Don't get my dreams

And I want it, I want it, I want it
And I want it, I want it, I want it
All
When you can't wait
To watch me fall

High
Singin' stories on a wrecking ball
Colliding fast
To bring you down

If you want it, you want it, you want it
If you want it, you want it, you want it
All
Sometimes
Things we build
To fall

And I want it, I want it, I want it
And I want it, I want it, I want it
All
The Temper Trap

FILOSOFIA: Jean-Jacques Rousseau (Suíça / 1712 - 1778)

"...como podemos chamar felicidade a um estado fugidio, que nos deixa o coração inquieto, que nos faz lamentar alguma coisa antes ou desejar ainda alguma coisa depois?"

"Mas se há um estado em que a alma encontra apoio bastante firme para repousar, para reunir todo o seu ser, sem ser preciso invocar o passado nem se projetar sobre o futuro, onde o tempo nada é e onde o presente dura sempre... esse sentimento é o da nossa existência, da nossa plena existência."

Rousseau em uma de minhas obras prediletas:
"Devaneios de um Passeante Solitário"