terça-feira, 10 de janeiro de 2012

POESIA: Olavo Bilac (Brasil - 1865-1918)

Quanto ardor, paixão, entusiasmo de vida inunda Olavo Bilac. Ainda que a impossibilidade de atingir tal estado de consciência na juventude possa levar-lhe à melancolia, uma força motivadora, um sentimento expresso em versos é lançado sobre nós criaturas, para que possamos vislumbrar e inspirar-nos no brilho de sua cintilante astúcia.

Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.
Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!
Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,
Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!


Olavo Bilac


Um comentário:

  1. Nunca me inundei imensamente de Olavo,
    mas o farei tão breve quanto puder...
    Um livro abandonado no fundo do armário agradece.

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