domingo, 23 de setembro de 2012

METAFÍSICA: Fritjof Capra (Áustria / 1939 - hoje)


O empobrecimento espiritual e a perda da diversidade cultural por efeito do uso excessivo de computadores é especialmente sério no campo da educação. Como Neil Postman comentou de maneira sucinta: “Quando um computador é utilizado para aprendizagem, o significado de ‘aprendizagem’ muda.”  O uso de computadores na educação é, com freqüência, saudado como uma revolução que transformará todas as facetas do processo educacional. Essa visão é vigorosamente promovida pela poderosa indústria de computadores, que encoraja os professores a utilizarem  computadores como ferramentas educacionais em todos os níveis – até mesmo no jardim-de-infância e no período pré-escolar! – sem sequer mencionar os muitos efeitos nocivos que podem resultar dessas práticas irresponsáveis.

O uso de computadores nas escolas baseia-se na visão, hoje obsoleta, dos seres humanos como processadores de informações, o que reforça continuamente concepções mecanicistas errôneas sobre o pensamento, enquanto que,  na realidade, a mente humana pensa com idéias e não com informações. Como Theodore Roszak mostra detalhadamente em The Cult of Information, as informações não criam idéias; as idéias criam informações. Idéias são padrões integrativos que não derivam da informação, mas sim, da experiência.

No modelo do computador para a cognição, o conhecimento é visto como livre de cotexto e valor, baseado em dados abstratos. Porém, todo o conhecimento significativo é conhecimento contextual, e grande parte dele é tácita e vivencial. De maneira semelhante, a linguagem é vista como um conduto ao longo do qual são comunicadas informações “objetivas”. Na realidade, como C. A. Bowers argumentou eloqüentemente, a linguagem é metafórica, transmitindo entendimentos tácitos compartilhados no âmbito de uma cultura.

(trecho de conclusão da segunda parte do livro A TEIA DA VIDA)



Fritjof Capra

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